quarta-feira, 8 de junho de 2005

qualquer dia, voltas para o ovo...


qualquer dia, nasces do ovo e começas a devorar todas as
folhas verdes à tua volta,
da mesma maneira solitária que os teu pais fizeram antes
não comendo qualquer folha, mas apenas aquela específica qualidade da árvore
amoreira.

ficas gordinho, macio e crescem-te patinhas felpudas e preguiçosas...

E um dia, num daqueles lentos e quentes dias de verão, começas a cuspir o teu
cintilante e sedoso fio de tear, com o qual dás voltas sobre ti mesmo, enrolando, enrolando, até ficares demasiado ensonado e ...puff...adormeces dentro do quente e amarelo

casulo.

A tua vida como que para.

parece, pelo menos, para quem te olha de fora,
qye estás morto,
ou talvez,
a sonhar! Sim, ficas que tempos a sonhar!!

Com o que sonhas tu, bichinho?
Ora, ora, com aquilo que todos os bichos sonham: com a chuva fresca, com os radiosos fios de sol, com as frescas e suculentas
folhinhas de amoreira!

E no instante de um qualquer dia,
sais espampanante e efémera borboleta - tendo como única função ovular para
depois
como que numa missão cumprida
morrer.

Sem funeral, sem lamentos,
naturalmente.

...e qualquer dia, voltas para o ovo...

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